quarta-feira, 2 de março de 2011

Mundial de 2014 trará valorização à Zona Leste de São Paulo e aumento dos aluguéis e imóveis


Os esperados investimentos na Zona Leste da cidade, onde deve ser construído o estádio que abrirá o Mundial de 2014, criaram a expectativa de grandes mudanças na infraestrutura da região, com incremento da oferta de serviços e melhoria dos transportes, mas também uma preocupação: a valorização imobiliária. Especialmente para quem paga aluguel.

Em 2010, ali se registraram os aluguéis mais baratos da cidade de São Paulo: R$ 624,80 para apartamentos de 1 dormitório (55 metros quadrados); R$ 752,50 por um apartamento de 2 dormitórios (70 metros quadrados); e R$ 909,00 para apartamentos de 3 dormitórios (90 metros quadrados). Os mais caros foram os da Zona Sul: R$ 1.592,80 por um apartamento de 1 dormitório (55 metros quadrados); R$ 1.860,60 para apartamentos de 2 dormitórios (70 metros quadrados); e R$ 2.455,20 por um apartamento de 3 dormitórios (90 metros quadrados).

A variação do preço do aluguel entre as regiões da capital chegou a 170,10%. Enquanto o preço do metro quadrado do aluguel na Zona Leste foi de R$ 10,10, na Zona Sul atingiu R$ 27,28 - quase o triplo do valor. Os dados são do Secovi-SP (Sindicato da Habitação).

O preço do aluguel, mais que mero indicador econômico para moradias, sinaliza o pacote de benefícios oferecidos à população de cada bairro. Áreas da cidade com aluguéis mais caros possuem oferta de serviços de melhor qualidade, incluindo redes de saúde e educação em todos os níveis de ensino (básico, fundamental, médio e superior). O inqulino paga não apenas pelo lugar onde vai morar, como também pelas facilidades que encontra na vizinhança.

Historicamente, a construção de atrações em bairros que requerem melhorias sempre foi uma forma de alavancar o desenvolvimento. Foi assim em Pompeia, nos anos 1930, no Pacaembu, nos anos 1940, e no Morumbi, no fim dos anos 1950, onde estão os principais estádios paulistanos: Palestra Itália, Paulo Machado de Carvalho e Cícero Pompeu de Toledo. Não será diferente com a Arena Itaquera.

Paradoxalmente, em pouco tempo as melhorias podem tornar inócua a contrapartida exigida pela Fifa das cidades-sede de beneficiar a população menos favorecida com obras de infraestrutura.

O aumento do valor dos aluguéis fará com que famílias de baixa renda tenham, a médio prazo, de se mudar para bairros com preços que caibam em seus orçamentos – se nada for feito para viabilizar que permaneçam onde sempre viveram.

E aquelas que possuem imóveis próprios virarão alvo do assédio das construtoras, que estarão em busca de terrenos para erguer os edifícios que redesenharão o perfil de Itaquera.

A Comissão de Direito à Moradia Adequada das Nações Unidas, que tem como relatora a urbanista Raquel Rolnik, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), estuda o impacto dos megaeventos esportivos na vida das cidades desde os Jogos Olímpícos de Barcelona, em 1992.

Segundo Raquel relatou a este blog, em maio do ano passado, até hoje as quatro Copas do Mundo e as quatro Olimpíadas realizadas desde então não foram suficientes para inspirar os governos a criar políticas públicas que garantam o usufruto dos benefícios advindos desses eventos às populações residentes.

Por ora, os Jogos e as Copas foram sinônimos de alegria dentro de campo, mas também de expansão das fronteiras das periferias das cidades-sede fora dele. E é para cada vez mais longe do progresso que têm ido os que podem menos. Quando conversamos, Raquel Rolnik disse que o Brasil tinha a oportunidade histórica de mudar esse enredo. A Copa de 2014 conseguirá dar o primeiro passo nesse sentido?

Leia mais....(Clíque no título do Post)

Fonte: Terra

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